segunda-feira, 30 de maio de 2016

Regina Maria

Capítulo 30

Mas e aí? Humm...aí, o quê? Bom, me pergunto que tipo de ensaio seria este. Ah. Um ensaio simples para catálogo de revista. Faço caras e bocas, experimento roupas, calçados e acabo ganhando algumas peças, ao final de tudo. Nada assim, assim de demais. Sei, sei, só sei que você é bonita demais, sabia? E você, muito atirado. Mas, é bonitão. Não gostaria de ser modelo, por acaso? Quem eu? Capaz que daria certo...


Ouvindo tudo ali por perto, tinha uma certa pessoa ruiva. Sim, era ela, Carla. A mando de uma certa pessoa, foi seguir Alberto e relatar seus passos. Ah, o danado me disse que era fiel, porém olhe já estava dando em cima de outra mulher novamente. Hunf!! Aff, os homens não prestam mesmo. Tudo bem que ele é um gato e tanto, mas não presta nenhum pouco. E isso porque ele deu em cima da atendente número 1, da número 2. Argghhhhh. Apesar que, pera aí, estranho, essa moça, parece que já a vi em algum lugar...ah, Carla, sua louca, fica aí pensando nessas coisas, se concentra no que está fazendo. Não ía seguí-lo e tal? Pois bem, primeiro, eu tenho que me esconder com esse jornal aqui, para ele não me notar. Humm, nesse jornal aqui tem uma figura estranha, deixa eu ver. Um garoto robusto comendo mortadela. Parece que é pra ilustrar o texto. Bom, não tenho nada melhor pra fazer, então, bora ler.

Mortadela, porque eu te quero (só que não)

"Bentinho adorava comer de tudo, principalmente se fosse carne. E antes de dormir, nunca deixava de fazer uma boquinha. Pois bem, eu já ia contar o que aconteceu com Bentinho, mas antes disso, preciso descrevê-lo. Um garoto forte e saudável, oito anos, boa-pinta, filho único, de classe média e tal. Por que a descrição? Ah, por que deu vontade. Bom, mas e então falávamos sobre o Bentinho, certo? A cor dos olhos dele...ah isso não importa, o que importa é que estou enrolando de propósito mesmo.
               Um dia desses aí, Bentinho encheu a pança e mandou ver num sanduíche bem recheado de carne, mussarela, mortadela, queijo, presunto, enfim, muitos frios. O lance é que Bentinho era comilão mesmo e os pais faziam seu gosto, portanto, encheu a pança com gosto.
Mas, o que aconteceu depois, será que eu conto ou não conto? Bom, acho que com certeza você não vai ser louco de ficar pra ver o que é, então, acho que já vou me indo. Ué, ainda está aí? Ok, você tem coragem, então eu conto.
               Bom, o garoto guloso foi comer mortadela (sua “guloseima” predileta) enquanto brincava perto da banheira. Num determinado momento, ele deixou cair sua mortadela dentro da banheira, que estava cheia de água. Quando foi pegar a mortadela de volta (pois queria acaber de comer), percebeu que a mesma tinha um formato gozado. Parecia até um...um cachorro! Isso, isso, parecia um cachorro. Assim, em vez de tirá-la da água, ficou brincando com ela ali mesmo, fingindo que era um cachorro. Quando a soltou, de repente, ela notou que ela começou a se mover sozinha. Er, caro leitor, posso mesmo contar o restante? Ah, bom, não diga que eu não avisei. Pois bem, a tal mortadela em forma de cachorro estava se movendo sozinha e Bentinho maravilhado aos poucos percebeu que a mesma começou a ficar mais parecida ainda com um. Então, ele a tirou da água, colocando-a no chão. E de repente, eis que a mortadela levantou-se e o garoto notou que ela agora tinha...pêlos! Sim, sim, é o que você está imaginando mesmo, a mortadela passou a desenvolver pelos e a se metamorfosear em um cão de verdade. Um lindo e inocente cãozinho. Ao terminar a transformação, o cão começou a olhar fixamente para Bentinho. O menino estava maravilhado pois nunca tivera um cachorro, embora sempre quisesse ter. Queria tanto afagar o cão e assim o fez e o bicho contribuiu ficando mansinho, mansinho. Mas, mesmo assim, olhava fixamente o garoto com um olhar estranho, estranho... Enfim, leitor, o lance é que o garoto tinha ganhado um cão da mortadela que ele havia tentado comer. Ops, eu falei, em comer? Ai ai. Pois bem, meu caro leitor, o garoto em sua inocência não podia imaginar o que viria depois. Mas, será que conto? Ops, também não precisa me ameaçar agredir, conto logo, não vou querer apanhar.
Pois bem, o cão, que já não era mais mortadela, ficou amiguinho do garoto e tal, mas assim que o garoto virou as costas, não notou que o cão começara a mudar de novo. Mas, dessa vez não para outro bicho e sim, de tamanho, ficando bem maior e com garras e dentes afiados. Do nada, só se ouviu um rosnado frio e o garoto gelou. Hein, o que há com você? Voltando para o “cãozinho”, aí que ele notou que não era mais um cão e uma fera, prestes a atacar. Instintivamente, o garoto olhou em volta para ver se tinha algo para se defender, mas não havia nada por ali, nem mesmo um rodo ou algo assim... Rosnando mais uma vez, o animal aprontou para se atacar o garoto e foi direto no pescoço. Dando seu último suspiro, o garoto olhou a fera bem nos olhos e prometeu nunca mais comer mortadela. Mas já era tarde demais...
- Ah!!!!!!!!!!!

- O que foi, Bentinho? Mãe, um pesadelo horrível, a mortadela me matou e...ecaaaaaaaaa, tira essa mortadela, nunca mais como isso na vida, nunca mais...nunca mais...nunca mais..."

Que merda de história é essa? Meu, que nojo, será que o autor é vegano ou algo assim, ou um mero sarcástico total? Só que sei que, urrghhh, se eu visse mortadela agora na minha frente, iria vomitar com toda certeza, ecaaaaaaaaaaaa.Hum, pera aí, deixa eu me concentrar no que eles estão fazendo ali...
Um pouco Do nada, lhe caiu ao colo uma maleta cheia de coisas, perucas, óculos escuros, até parecia material de detetive. Ah, desculpe, eu pego para você. Ah, tudo bem, não precisa. Humm, hein, moça, acho que isso aqui é para você. O quê? Vá ao banheiro e coloque essa peruca loira e esses óculos escuros. Assim, sua missão ficará mais tranquila. Como você...? Ah não importa, foi só o que me pediram para fazer. Boa sorte. Dizendo isso, levantou-se e foi embora, sem dizer mais nada. Meio surpresa, Carla resolveu seguir o conselho e foi ao banheiro se disfarçar. Voltando, ficou mais naturalmente observando o casal, só que bem discretamente.

Em outro lugar, longe dali, uma conversa se desenrolava. Olá, doutor, como vai? Eu vou bem. Sr. Angelo Fontes, certo? Ah, não, não, o senhor se enganou, sua secretária não me informou meu nome artístico? Sou Miguel Rosa, prazer. O prazer é todo meu. Mas, sente-se, por favor. Meu motivo para contactá-lo é simples. Ah quanto tempo, o senhor vem trabalhando para a senhora Sabrina? Não sei do que está falando, doutor Jorge. Eu e ela somos velhos amigos e isso é tudo. Hum, não tente me enganar, senhor Alejandro Alvarez. Como? Este é seu nome de batismo, certo? E a propósito, investiguei sua vida: de fato, é um ator renomado, porém, não é brasileiro, mas sim argentino, porém vindo para cá na infância (embora não tenha mais sotaque). A Sabrina você conhece sim há muito tempo, mas não é só amigo dela, como também vem trabalhando para ela há um certo tempo. E inclusive, sei que é amante de uma certa moça chamada Natasha, a qual trabalha para a dona Sabrina como uma espécie de faz-tudo. Está surpreso? Seu olhar já diz tudo. É, de fato, não posso negar que estou bastante surpreso, mas exatamente o que o senhor quer comigo? E afinal, pelo visto deve saber que ela não se chama Sabrina. Ah, isso eu também sei, ela se chama Regina Maria. Humm, e mesmo assim a contratou. É estranho. Bom, meu belo rapaz, o que quero contigo é o seguinte: quero que descubra em específico o porque a Sabrina veio trabalhar para mim (aposto que há um motivo por trás disso), e também por que ela persegue tanto o marido da Melissa. Ou devo dizer, por que ela persegue a Melissa? É algo que quero que descubra para mim. E a propósito, sei que pro senhor será complicado trabalhar como agente duplo, mas quero que saiba de uma coisa: (olhando-o nos olhos) ou o senhor descobre e me transmite as informações que quero saber, ou posso tranquilamente enviar provas à receita federal de quanto tempo o senhor vem sonegando seus impostos, e também posso processá-lo por uso de identidade falsa. Ah, e mais uma coisa, antes que saia por essa porta a fora. Essa nossa conversa foi gravada, caso aconteça qualquer coisa a mim, o senhor vai imediatamente preso, estamos entendidos? Sim, doutor Jorge, o que me pede eu posso tranquilamente fazer. Ok, bom garoto. Mas, não sairá de mãos abanando, não, espere aí, eu ía me esquecendo, que cabeça a minha. Tome cá. O que é isto? Achou que eu iria te ameaçar, mas sem pagar? Tome, um adianto pelo seus serviços. Oh, obrigado, senhor. Sei que não se arrependerá de trabalhar comigo. Sei que não. Tenha um bom dia. O senhor também.
Senhora, senhora, está bem? Eu? Como assim? Por que não estaria? Não, é que de repente a senhora pegou o telefone e ligou desesperadamente para um certo número e começou a falar coisas, que nos assustaram. Ah, isso. São só algumas preocupações de mãe, coisa boba, pressentimentos que tenho, aí estava tentando resolver as coisas. Mas, enfim, vamos voltar aos trabalhos, como está indo o o corte? Ah, senhora, estou quase terminando, mais alguns retoques e tudo estará terminado. A senhora ficará mais linda que nunca. Só não entendo como quis cortar esses longos cabelos negros, tão bem cuidados. Ops, falei demais, afinal é minha cliente. Hahaha, tudo bem, quis dar uma mudada mesmo, sabe como é. Mas, ei, espere só um minuto. Minha mãe ligando. Ué, mas o telefone nem tocou... (toque moderno de telefone). Ah, oi, mãe. O quê? O Marinho foi atropelado? Ufa, ainda bem que foi só um susto. Hum, então, o carro tentou atropelá-lo na porta da escola? É, eu sei mãe, algo também me diz que devemos tomar muito cuidado. Vou já ligar pro Alberto. Beijo, mãe. Senhora? Onde estávamos mesmo? Bom, por favor, termine meu cabelo, depois eu ligo pro meu marido.

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