quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Cabelos cor de fogo, cor da paixão

Capítulo 25

Faltando cerca de uma hora pras quatro, Alberto perfumou-se, barbeou-se, pegou seu melhor terno e, claro, não poderia também esquecer a gravata da sorte, aquela uma. Hoje será um ótimo dia, excelente para se fechar negócios. Pena que viajaria sozinho, sem sua bela dama para acompanhá-lo. Suspirou alto. O que será que deu na Mel, ela quase não é de mudar o visual. Hummm, não importa muito, Melissa sempre será Melissa, a bela. Humm, mas tá cedo demais, ainda falta quarenta e cinco minutos pro vôo. Já sei, vou dar um pulo naquele restaurante, assim dou aquela talagada e dou uma calibrada no motor. Humm, fui!
Pois não, senhor, o que deseja? Uma breja somente, pois não posso me demorar muito. Ah, por favor, troque o pedido, me traz uma batida de limão. Pois não, senhor, já trarei o seu pedido em alguns instantes. Está bem, obrigado. Olhando em volta, percebeu que aquela garçonete simpática não estava à vista. Que estranho... Senhor, eis seu pedido. Oh, chegou rápido. A propósito, moço. Pois não, senhor? Chegue mais perto, por favor. Sabe uma moça assim de uns vinte e poucos anos, com rabo-de-cavalo. Uma ruivinha assim, bem sardenta. Ah sim, Carla. Ela está de folga por uns dias, por conta de uns problemas aí. Quer deixar algum recado para quando ela voltar? Ah, não será necessário. De qualquer forma, muito obrigado. Tome sua gorjeta. Nossa, quinhentos reais, quanta generosidade, senhor. Ora, não é nada de demais. Pode me fazer um favor? Hum, qual? Por favor, traga-me a conta. E o telefone da moça junto. Pois não, senhor, retornarei em alguns instantes. Obrigado, muito grato.
Humm, é verdade, o nome dela é Carla, ela já havia deixado um bilhete com seu nome e telefone, mas eu esqueci de anotar. Bom, mas não tem problema, assim que chegar no aeroporto, irei dar uma ligadinha pra ela, ah se vou. Mas, primeiro de tudo, uma ligação super importante. Amor, tá podendo falar agora? Oi, meu lindão. Já pegou seu vôo? Não, não estou a caminho de lá, mas bateu a saudade da minha pantera. Ounn, bobo mesmo. A propósito, Mel, estou ouvindo vozes de várias mulheres ao fundo. Afinal, o que você está aprontando? Ora, ora,  só vai saber na hora certa. Ai, que assim você me mata de curiosidade e agonia, mulher. Morre nada, deixa pra morrer nos meus braços que é bem melhor. E pode tirar o cavalinho da chuva que não darei nenhuma pista deste mistério. Hahaha. Ah, mulher diabólica, mesmo. Pois é, sempre soube que eu era a sua maior perdição. Hahaha, filha da mãe convencida! Vai negar, agora? Não, sempre sou sincero comigo mesmo e não posso negar o óbvio. Ah bom que você tem noção das coisas. Ah, amor, tenho que desligar, já vou fazer o check in. Tá bom, depois me conta o resultado desse encontro de negócios com os coreanos e tomara que feche. Uh, com certeza! Um beijo, amore mio. Un besito, cariño mio.
Olá, tudo bem? Boa tarde, senhor. Ora, ora,  não me chame de senhor, sou tão jovem ainda, e a propósito, a senhorita é encantadora. Muito obrigada. A reserva está feita em nome de quem? Alberto Ramos. Guardando mentalmente a informação, assim como o rosto daquele belo homem, a moça indicou-lhe o local de embarque. Que o senhor, digo, que você tenha uma excelente viagem. Ah sim, a terei. A propósito, estes belos olhos são de que cor? Olhos cor de mel. Dizendo isto, inclinou-se um pouco, de forma sedutora. Ah sim, olhos lindos como a dona. Obrigada. Até a volta, moça. Karen, este é o meu nome. Tendo entregado-lhe furtivamente um bilhete com seu telefone, observou o rapaz abrir um belo sorriso. Prevejo que apreciarei e muito viajar mais vezes por esta companhia. Esperamos que sim. Até a volta, Alberto. Mostrando-lhe seu belo sorriso, deu uma olhada ao seu redor e notou os olhares de inveja. É a mim que ele quer, suas recalcadas, e não a vocês, morram de inveja.
Sabrina atrasou-se e por pouco perdeu seu vôo, mas iria sair outro dali a meia hora. Paciência é uma virtude o jeito é esperar. Olhando-ao redor, avistou Alberto indo pegar seu vôo. Ainda gritou seu nome, mas em vão. Humm, esse vôo pelo visto vai para a mesma cidade que eu vou. Humm, então, será fácil de achá-lo depois. Ah, hoje esse homem não me escapa.
Alberto acomodou-se em sua poltrona e tentou dormir, mas em vão. Droga, e agora, ainda tem uma hora de vôo pela frente, e isto é muito tempo. Que droga. Notou de repente que na poltrona à sua frente, ao lado, surgiram alguns longos fios muito lisos e um pouco mal tratados. Ah, tem uma moça ruiva aqui na frente e pelo visto, está dormindo. Erguendo-se para "ajeitar" sua bagagem, deu uma pescocada pra ver-lhe o rosto e eis que era aquela garçonete, a Carla. Humm, nossa, mas que coincidência, pensou consigo. Abrindo os olhos, a moça logo percebeu que estava sendo observada, ao passo que Alberto não teve tempo de se esconder. Credo, moço, você é tarado por acas...ah, é você, aquele moço empresário? Hum, oi, mas que coincidência boa, você por aqui. Er, estou incomodando? Não, o que é isso, de jeito algum. Ain, que estou descabelada, que vergonha. Haha, que nada. Posso sentar-me contigo? Estou sozinho aqui, abandonado, sem ninguém para conversar. Ah sim, sim. Por favor. Olhando-o bem nos olhos, a moça respirou fundo e perguntou seu nome. Ah, o meu é Alberto, Alberto Ramos, mas e o seu? Humm, meu nome é Carla, Carla com 'c'. Carla Viana. Hum, prazer. Sabe que é a primeira vez que conversamos de verdade? Hum, sim, é verdade. É viagem a negócios? Sim, pior que é. Rs, imagino que devem ser meio chatas essas viagens. Ah, mas não quando temos uma bela companhia tão agradável. Ah, mas e você? Viagem a passeio? Desculpe, mas não pude deixar seus olhos um pouco vermelhos. Ah, a história é um pouco comprida, se importa? Não, temos um tempo pela frente. Ok, vou contar então.

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