segunda-feira, 13 de abril de 2015

Marinho e Bruno

Capítulo 5

Chegando na casa da mãe com Marinho junto, a avó já foi abraçando e beijando o neto. Puxa, mas faz tempo que vocês não vêm aqui, hein? Ou o maridão não está te dando sossego, hein? Mesmo, depois de tantos anos, esse fogo todo...Caham, mamãe, então, é a vida corrida, a senhora sabe. Mas, me conta aí, como estão as coisas por aqui? Ah, o de sempre, sabe como é, quando é se viúva jovem como eu; sempre há pretendentes, mas meu negócio é só namorar mesmo. Ah, mamãe, você não tem jeito. Ah, Marinho, não quer ir lá fora, brincar com o Bruno? Oba. Daí, por algum tempo, só se ouvia lá fora o garoto e o adorável cão, saltitando serelepes.
Mas, falando sério, mamãe, tem me dado fortes crises de dores de cabeça, e às vezes, percebo que até parece que apago, sei lá, estranho isso. Mas, o que os médicos dizem? Ah, nem sei, fui em uns dois neurologistas, mas ambos disseram a mesma coisa: “tudo normal com a senhora”. Até fico preocupada com que seja um aneurisma ou algo assim. Credo, vira essa boca pra lá, filha, você vai ver, não vai ser nada de mais. Falando nisso, uma vizinha falou de um médico novo na praça, bonitão e bem apanhado. Como era o nome mesmo? Ah, espera, deixa ver o cartão que ela me trouxe. Achei, olha, Dr. Jorge Mendes.
No exato instante que ouviu o nome “Jorge”, Melissa sobressaltou-se, mas logo recobrou-se. Ah, mamãe, deixa pra lá, mas o que importa mesmo é que vim ver a senhora depois de um tempão, não é? E você reclama que não apareço aqui, mas também não vai pra lá...Ah, filha, depois que seu pai se foi, por um tempão não tinha ânimo pra nada, somente pensava em ficar em casa, cuidando das minhas coisas, do Bruno...enfim, a questão é que também ando ocupada por aqui, embora não aparente. Sei, sei, mamãe, o que é que a senhora anda aprontando, hein? Pode me contar, ande! Tem a ver com um namorado novo? Oxe, filha enxerida, não é nada disso, como sou costureira, esses dias andei juntando trapos e fiapos e fiz umas roupas para ajudar a vender aqui no bairro. Por esses tempos, está tendo uma feira beneficente aqui. Se quiser, podemos ir lá, para você conhecer...Ah, mãe, fica pra outra hora, eu já devo voltar, mas prometo que neste domingo volto com filho e marido a tiracolo. Tá bom, então, mas se prometeu, terá que cumprir, hein? Tenho saudades também do meu genro querido. Olha que fico com ciúmes, mamãe! Pára, filha, que isso, ha ha ha.
Vem filho, dar um beijo na sua avó que já vamos. Mamãe, vovó, o Bruno não pode ir passear lá em casa? Ah, não, Marinho, pois senão a vovó vai ficar sozinha. Assim que voltar aqui, você brinca mais com seu parceiro de folguedos, está bem? Oba! Agora, venha aqui e dê cá um beijão na vó. Ah, minha coisa querida! 
Tchau, filha, se cuida, e você também, Marinho! Tchau, mãe, se cuida, e daqui a poucos dias, voltamos, o trio. Rum! Mas, é pra voltar, mesmo. Beijo, filha, amo vocês.
Enquanto o carro sumia no horizonte, a senhora pensava: será que Melissa ainda pensa na Sabrina?...

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